A importância que representa a figura de D. Sebastião para Luís de Camões está bem patente na Dedicatória, logo no início de Os Lusíadas. D. Sebastião é o garante da «Lusitana antiga liberdade», baluarte dos bons valores nacionais, monarca poderoso, predestinado por Deus e, acima de tudo, o líder da reconquista das terras que os Mouros haviam roubado.
Ao dedicar a D. Sebastião Os Lusíadas, Luís de Camões está a frisar a importância da figura de D. Sebastião na identificação de Portugal enquanto pátria com uma história gloriosa, mas, por vezes, não muito abonatória. Gloriosa, porque sendo Portugal um País pequeno, foi pioneiro num período fundamental para a Humanidade, como foi o do alvorecer do Renascimento, ajudando a romper com a Idade Média.
Luís Vaz de Camões não esqueceu o lado negativo, a degradação dos costumes, a ganância provocada pelo tesouro colonial e a exploração dos povos colonizados, fenómenos que constituíram parte das causas da concepção de desconcerto do Mundo de Camões.
Como o título indica, o herói desta epopeia é colectivo, os Lusíadas, ou os filhos de Luso, os portugueses. Nas estrofes iniciais do discurso de Júpiter no concílio dos deuses olímpicos, que abre a parte narrativa, surge a orientação laudatória do autor.
O herói da obra, os portugueses. Monumento aos Descobrimentos Portugueses em Belém, Lisboa, Portugal
"Eternos moradores do luzente
Estelífero pólo, e claro assento,
Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento,
Deveis de ter sabido claramente,
Como é dos fados grandes certo intento,
Que por ela se esqueçam os humanos
De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.
Início do discurso de Júpiter no concílio dos deuses, Canto I, estrofe 24.
Havia um ambiente de orgulho e ousadia no povo português. Navegadores e capitães eram heróis recentes da pequena nação, homens capazes de extraordinárias façanhas, como o «Castro forte» (o vice-rei D. João de Castro), falecido poucos anos antes de o poeta aportar na Índia.
E principalmente Vasco da Gama, a quem se devia o descobrimento da rota para o oriente numa viagem difícil e com poucas probabilidades de êxito, e que vencera inúmeras batalhas contra reinos muçulmanos em terras hostis aos cristãos. Esta viagem épica foi por isso usada como história central da obra, à volta da qual vão sendo contados episódios da história de Portugal.
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